PRIMEIRAS APRENDIZAGENS
Em miúdo, aí com 4 ou 5 anos, a minha mãe levava-me com ela para o campo onde ia trabalhar. Ficava sentado, na sombra de uma árvore ou de um chapéu-de-chuva a fazer de guarda-sol, a brincar, a ouvir as mulheres a cantar e a sentir-me cansado pois o tempo nunca mais passava.
Chamava pela minha mãe e ela cantava, cantava...e eu berrava, berrava.
Foi nessa altura que comecei a aprender que, na vida, há que ter paciência, há que saber esperar.
Os 7 anos, fui para a escola. E foi aí (na Escola Primária do Avenal) que eu, que já conhecia e soletrava as primeiras letras, comecei a entender, a ler melhor, a escrever, a contar, a desenhar, a recortar, a pintar, a perceber, a conviver, a respeitar as professoras e os outros meninos e meninas.
Foram 4 anos em que, além de dar passos essenciais com vista a ser um homem no futuro, também aprendi a ser solidário. E a crescer. Foi um tempo em que o jogo do pião, o jogo da barra, as escondidas, as corridas e o futebol (chamado por nós o jogo da bola) fizeram parte das minhas brincadeiras. E, assim, aprendi também a brincar.
OS PRIMEIROS ANOS DE TRABALHO
Aos dez anos, comecei a trabalhar. Em Condeixa, numa sapataria, Vendia sapatos, fazia alguns recados. Dois anos depois, ainda em Condeixa, trabalhei numa empresa de eletricidade e canalizações. FAui aprendiz nessa área e também vendedor na loja da empresa. Já com 14 ou 15 anos, rumei a Coimbra onde, numa empresa de de gás, canalizações e eletricidade, fui ajudante. Durante estes anos, aprendi algo de uma profissão que, de todo, pouco ou nada me dizia. Mas, valeu pela aprendizagem da vida, pelo reforço das relações.
A FUGA E O DESPONTAR
Tinha perto de 16 anos quando, numa noite, acompanhado por um primo, fugi de casa.
No cruzamento da EN 1, junto a Condeixa, eu pedia boleia para Sul. O meu primo pedia boleia para Norte. O carro que parou ia para S. João da Madeira. Arranjei trabalho numa empresa de ornamentações de festas e, durante 3 anos, percorri, nesse trabalho, várias localidades do país. Porto, Viana do Castelo, Macieira de Cambra, Arouca, Barcelos, Lisboa, Sobral de Monte Agraço, Coruche, entre outras.
Aprendi a viver sozinho. Aprendi a gostar de viajar, Despontei politicamente e socialmente.
E aprendi a amar essa terra laboriosa que é S. João da Madeira.
A POLÍTICA TEM DESTAS COISAS
Ativista político, ainda em S. João da Madeira, vivi o chamado "Verão Quente" de 1975, onde, entre outros atos de violência, era "moda" serem assaltadas e, por vezes, queimadas sede de alguns partidos políticos, sobretudo de esquerda. Numa só semana, recordo, foam alvo dos assaltantes as sedes do PCP, do MES, da LUAR, da AOC, do MDP/CDE , do PS e do MRPP.
Durante estes dias e os que se seguiram, gente destes partidos (juntos e unidos) fizeram vigílias para evitar que os assaltos tivessem continuação. Nesses dias, pouco ou nada se dormiu, Pouco ou nas dormi.
E aprendi que, em política como na vida, é sempre mais forte o que nos une do que aquilo que nos divide.
ALENTEJO, MEU AMOR
Com a Reforma Agrária em todo o seu esplendor, em 1975, rumei até Avis para conhecer de perto o que ali se fazia, Fiquei alguns meses. Na Cooperativa 1º de Maio, fiz um pouco de tudo.
Fiz também jornalismo (no jornal "O Amigo") e fiz parte da Comissão de Alfabetização de Avis e da congénere de Benavila.
Ai ajudei alguns adultos a aprender a ler sob o método do brasileiro Paulo Freire.
Aprendi a conhecer o espetacular povo alentejano. enriqueci socialmente e politicamente e juntei mais uns pozinhos de experiência para o meu saco de conhecimentos.
Já em Coruche, no ano seguinte, conheci novas gentes, fiz novos amigos. Fui ativista cultural e político.
AS MINHAS MAIORES OBRAS E AS OUTRAS
De tudo o que fiz na vida, mais algumas coisas posso destacar. Destaco uma que é, digamos, um três em um. Refiro-me ao nascimento das minhas filhas, a Vera em 1987 e a Joana em 1996, as minhas maiores obras de sempre. E outro filho, o Jorge nascido em 1979, que ganhei com o meu casamento com a Isabel.
Aqui reforcei a ideia de que o amor tudo vence, que o amor fala sempre mais alto.
JORNAIS E RÁDIOS
Destaco a minha passagem por jornais e rádios até avançar com os meus próprios projetos, o Jornal da Gândara, primeiro em papel e agora online, e a Gazeta Popular.
Foram muitos anos em que reforcei os meus conhecimentos nas áreas do jornalismo e da comunicação.
Em que conheci novos protagonistas, em que dei a palavra a leitores e ouvintes.
AS TERTÚLIAS DE BOA MEMÓRIA
Em 2011 e 2012, fui programador do Movimento Cultura e Cidadania, uma ideia da Arsénia e do Luís Isidoro, que revolucionou o meio com as tertúlias no Café Aliança e a iniciativa de homenagem a Zeca Afonso e a Adriano Correia de Oliveira a 28 de abril de 2012,
As tertúlias vão regressar em setembro.
OS ANOS NO ARQUIVO
De 2005 a 2022, com alguns meses de intervalo pelo meio, trabalhei, através de um acordo entre a edilidade mirense e o Centro de Emprego, no Arquivo Municipal de Mira.
Foi um tempo inesquecível. Onde há amigos que perduram.
Deixei aqui muito do que fiz ao longo dos tempos.
Porque RECORDAR É VIVER.